terça-feira, 3 de junho de 2008

Amor à poesia

Com o aumento do fluxo de trabalhos nem tenho tido tempo de escrever aqui.
Assim hoje vou só mostrar um poema de Fernando Pessoa, poeta que muito admiro e o qual eu associo à típica Lisboa antiga. Não a Lisboa degradada e despovoada dos dias de hoje mas à Lisboa tradicionalista e popular de à 40/50 anos atrás, na qual eu não tive possibilidade de viver mas da qual ainda senti o espírito.
E porque a um poema, tal como a arquitectura deve espelhar os sentimentos, cultura e tradições dum povo e do local de origem.



O amor,quando se revela
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar para ela
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah,mas se ela adivinhasse,
Se podesse ouvir o olhar,
E se um olhar bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, interiormente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não ouso contar,
Já não terei de falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa